DEPOIMENTOS

A ESTRELA QUE DEUS NOS ENVIOU

Falar sobre o nascimento de nossa filha Maria Laura traz de volta sentimentos e emoções indescritíveis para serem relatadas em palavras…, porém vou tentar descrevê-las.

Tenho 42 anos, sou casada há 18 anos. Trabalho na área educacional, ou seja, lido com crianças o tempo todo. Destes 18 anos de casada, 12 foram dedicados a busca para ser mãe. Fui e sou muito feliz no casamento. Somos um casal que cada um respeita o espaço do outro e ficamos felizes e colaboramos para que a estrela de cada um brilhe. Vivemos neste tempo buscando crescimento profissional e a realização de termos um filho.

O tempo foi passando entre tratamentos para engravidar, dedicação a estudos, sobrecarga de trabalho…. que hoje vejo como uma fuga para manter a mente ocupada. Nos momentos de reflexão perguntava-me: – por que tantos obstáculos para a realização de constituir uma família?

Sou a primeira filha de três. Infância feliz, adolescência saudável mas sofrida com a perda do meu pai. Criada em ambiente com atenção a educação e para ser boa filha, boa esposa, boa pessoa com princípios e valores. Portanto, não via outra opção de ser mãe a não ser pela barriga. E, novamente perguntava por que eu?

Meu marido, homem sublime, de gestos generosos, verdadeiramente companheiro, começou delicadamente a falar de adoção. Meu coração ainda continuava fechado e sempre questionava: para os homens é mais fácil, pois eles não passam pela gravidez de barriga, adotar já tendo passado pela experiência de ser mãe biológica, ou seja ter tido a barriga é mais fácil, etc… tantos momentos de dor, angústia, revolta.

Na minha vivência cotidiana de trabalho vivenciava e ajudava crianças e pais a passarem por tantos conflitos, porém me sentia às vezes incompetente pois não conseguia solucionar o meu próprio conflito. Com tanta leitura e vivencia sobre as relações humanas, comecei a perceber que faltava em mim fazer a leitura de Deus. Foi na última tentativa de procedimentos médicos para engravidar, quando a dor da alma tomava proporções insuportáveis, a Fé em Deus e o carinho de meu marido ajudaram-me a fazer a leitura dos caminhos e a minha missão de vida.

Recobrei o bom senso. Bom, fizemos o cadastro no fórum e iniciava a espera. Edilson foi convidado a participar de um evento sobre adoção em Brasília e veio deste encontro muito feliz. Não éramos o único casal do mundo impossibilitados de ter filhos biológicos. Certo dia, foi visitar um abrigo e uma menina veio ao seu encontro e segurou-lhe pela perna. Chegou em casa e me contou tudo com olhos brilhantes. Era a nossa menininha… Fiquei empolgada! Quantas perguntas, qual o tamanho, se falava, se andava…. porém a única coisa que conseguiu responder é que era uma menina. Decidi conhecê-la somente no dia que Deus permitisse que ela fosse minha.

Chegou o grande dia! Era 21 de janeiro de 2008, nervosismo, ansiedade e a entrevista com juiz. Já havíamos escolhido o seu nome, porém iria respeitá-la, decidimos que no momento que a recebêssemos nos braços iria chamá-la por este nome, ela me diria com o olhar se aceitaria ou não. O nome é Maria Laura. Porque Maria, por significar soberana, soberana ao passado, soberana as dificuldades até o encontro para nova vida, para os verdadeiros pais. Laura, porque significa árvore de louros. Em geral, é uma pessoa solícita. Acredita que o amor e a amizade só valem a pena quando são verdadeiros. Está sempre em atividade, preparando e realizando um novo projeto. Para ela, a felicidade não tem segredo e o sucesso será uma conseqüência.
Nasceu então, Maria Laura para nós, com seu aninho e meio. Olhar triste e distante, necessitando também de cuidados médicos. Disse: Maria Laura vem para os braços da mamãe e ela olhou e veio. Muita emoção… Nossos braços ficaram pequenos para demonstrar tanto amor.  Nosso amor nasceu quando nossos olhares e nosso abraço aconteceu. Que cheirinho mais gostoso!

A transformação foi rápida, pois fizemos com ela a terapia do abraço e do beijo. Deu certo. Abraçava-a e a beijava-a muito e olhava bem no seu olhinho e dizia e digo “mamãe de te ama demais” e o pai dizia e diz até hoje “você é minha joia preciosa”. O tempo de sofrimento nosso e dela já era passado…. nascera outro tempo de vida para nós. Vida de amor, felicidade, conquistas, novos objetivos, novos caminhos a conquistar, viagens deliciosas e muitas emoções.

Ficamos preocupados, sem necessidade, mas ficamos com as famílias. Será que ela também iria conquistar o amor dos avós, dos tios…. Quanto aos familiares do lado paterno me sentia mais tranquila, pois a experiência da adoção já havia acontecido, mas e o lado materno. Seria a primeira neta, da filha primogênita. Como seria? Recebemos a visita de todos, foi ótimo.

Chegou o dia de fazermos a primeira visita na casa da vovó materna. Estávamos ansiosos, como seria esta recepção. Para nossa surpresa e alegria a casa estava toda enfeitada de balões, presentes em toda parte, todas as guloseimas que eu tinha falado que Maria Laura gostava haviam preparado para ela. Foi maravilhoso. Percebi o quanto a minha mãe e minhas irmãs me amavam e estavam enlouquecidas de amor pela sobrinha e pela neta. Maria Laura renovou as cores da vida da casa de minha mãe.

Nossa vida ficou iluminada, alegre… e nossos corações transbordando de alegria.

Gostaria de relatar neste depoimento o quão Deus é poderoso. Quando abrimos o coração para a adoção esquecemos de detalhes físicos, ou seja, cor de pele, olhos, etc. O que importa é o amor que nasce de forma grandiosa sem preconceito.

No meu caso cabe muito bem a fala do Dr. Sávio (promotor de justiça do Estado do Rio de Janeiro) “Se existisse um DNA da alma, o resultado seria de 100% positivo”. As vezes até eu mesma assusto de como somos parecidas: gostamos muito de água, nadamos juntas toda semana, é muito vaidosa, feminina, decidida, sabe o que quer, questionadora e além de termos a alma idêntica, somos também visualmente parecidas. Mas o que importa de verdade é a alma. E digo, todo filho precisa nascer também do coração dos pais para serem amados e felizes, portanto toda criança para se sentir amada tem que nascer no coração.

Hoje, olhando para trás percebo o quanto Deus foi generoso para comigo, pois me sentia uma pessoa não merecedora de ser mãe e Ele me mostrou que o tempo de sofrimento foi para lapidar-me, tornar-me uma pessoa melhor e mais feliz. ELE estava preparando a sementinha da Maria Laura para que nossos caminhos pudessem se cruzar. Sinto-me escolhida para ser mãe do coração e agradecida por Deus ter me escolhido proporcionando esta maravilhosa experiência.

Ser pais adotivos não nos fazem melhores ou piores que outros casais, mas infinitamente sentimos um casal abraçados e escolhidos por Deus.

Hoje em minhas orações só agradeço, pois recebi graças demais!

Carinhosamente,
Edilson Teodoro Amaral e Vanilce Teodoro Amaral, pais da estrelinha Maria Laura Teodoro Amaral.

Edilson Teodoro Amaral e Vanilce Teodoro Amaral, pais da estrelinha Maria Laura Teodoro Amaral. 13 de março de 2017

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Histórias de superação: Luana e sua família especial

A mesa de fórmica no centro da cozinha da casa da avó é um objeto que persegue as lembranças de Carla. O móvel não existe mais, mas aquelas seis cadeiras que cercavam o retângulo compuseram durante muito tempo o ideal que ela tem de família.

Nos sonhos de menina, cada um teria um assento reservado. O papai, a mamãe e as quatro filhas. Ela só não contava que não estaria em uma família padrão. E que os personagens – Marcelo, Marcela, Luana, Nadine e Rafaela – seriam, hoje, os protagonistas do seu conto de fadas.

Carla mora em um castelo, como ela mesma gosta de definir. Tem quatro princesas, suas filhas adotivas. Nadine, 18 anos, fruto de uma adoção tardia. Marcela, 8 anos, autista. Luana, 3 anos, portadora da síndrome de Down. Rafaela, 5 meses, vítima de hidrocefalia. Também tem um rei, “o melhor rei do mundo”: Marcelo, parceiro de uma vida.

Ela só não tem uma história de vida convencional. Desafia as barreiras do preconceito nas escolhas que faz. Foge das regras e padrões de normalidade. Enfrenta quem precisar para que não risquem a sua história. Embrenha-se em batalhas que consomem horas do seu dia, anos de sua existência.

— É diferente, não é nada comum, mas é a melhor família do mundo —, diz.

A infância dela também não foi comum. Quando criança, Carla conviveu com Taís, uma menina cega, amiga da escola e aliada nas brincadeiras. O colégio privilegiava o modelo de educação inclusiva e isso fez toda a diferença na forma como ela desenhou a sua compreensão de mundo.

— Depois que mudei de escola, tive uma dificuldade imensa em entender por que as crianças viam tantas diferenças umas nas outras. Eu não consegui me adaptar àquilo. Para mim, todo mundo era igual —, lembra.

Já na adolescência, estudando apenas entre “iguais”, entre pessoas aparentemente perfeitas, ela custou a se adequar. Quando completou 16 anos, entrou no voluntariado como um forma de voltar à época em que não enxergava diferenças. Depois, formou-se física e foi trabalhar na bolsa de valores, com um ritmo de vida alucinante, sem tempo para pensar na maternidade.

Na época, o que lhe preenchia o tempo era o trabalho com crianças com câncer e com menores em situação de risco. Depois de um período intenso e combativo, teve de abandonar os projetos em São Paulo, onde morava desde então.

Só não contava que essa mudança repentina iria ser o ponto crucial da sua vida. Em uma passagem relâmpago por Aracaju (SE), para visitar a família do namorado, ela decidiu ficar. O motivo foi uma paixão à primeira vista. Não uma paixão comum. Era um amor de mãe.

O PRIMEIRO CHORO DE MARCELA

Ela não era uma boneca para não chorar. Tinha olhos, bocas e ouvidos perfeitos. Tinha uma fisionomia tranquila, pacata. Carla estranhou os comentários das funcionárias do abrigo sobre o comportamento estranho daquele bebê.

— Essa daí nem adianta pegar, pois não sente nada —, disse a mulher.

— Quem não sente é boneca —, disse Carla, baixinho.

Carla aninhou Marcela em seus braços e a embalou cantando “Carinhoso”, de Pixinguinha. Devolveu a menina para o bercinho, apenas mais um dentre tantos outros que guardavam histórias de crianças abandonadas, em situação de abrigo. Imediatamente o bebê chorou. Aquela menina não era uma boneca. Era gente de verdade.

— O abrigo veio abaixo. Todo mundo queria ver ela chorando. Ninguém acreditava —, recorda.

Foi uma identificação imediata entre mãe e filha. Ou entre almas gêmeas. Marcela tinha menos de dois meses de vida e um diagnóstico de paralisia cerebral. Carla tinha certeza de que não queria ser mãe naquele momento. Mas certezas existem para serem destruídas.

— Naquele dia eu não dormi. Acordei com o olho inchado. Acordei e comecei a lutar por ela.

A batalha de Carla e de Marcelo pela adoção da menina durou cinco meses. O diagnóstico de autismo severo veio pouco tempo depois, junto com uma receita médica e uma frase dolorosa.

— Mãe, se prepare porque em breve vocês terão que se separar.

O doutor se referia ao tratamento da doença, que previa o isolamento e o convívio com pessoas que enfrentavam o mesmo problema.

— Eu não acredito em remédio, nem no isolamento. Vou fazer diferente —, respondeu.

A partir daí, sites e grupos virtuais passaram a ser os grande aliados. Carla aprendeu tudo sobre autismo. Entendeu detalhes da doença e começou a lutar contra eles. A principal arma tinha três letras: ABA, sigla em inglês para o termo análise aplicada de comportamento, o caminho que escolheu para ver a filha crescer.

— A Aba trabalha com o impossível, que é a possibilidade de ver a criança autista falando. Na época, o tratamento passava dos R$ 3 mil. Estava acima do que eu poderia gastar. Por isso decidi aprender.

Uma criança que segue o tratamento previsto pelo ABA é estimulada a ser independente tanto na comunicação, quanto em atividades corriqueiras, como a higiene pessoal. Junto com a cartilha que ajudou a traduzir, Carla investiu em sessões de fisioterapia e fonoaudiologia para a filha.

Aos cinco anos ela falou pela primeira vez. Hoje, está na segunda série. Não sabe ler, mas acompanha como pode o ritmo dos colegas. Frequentou dezesseis escolas diferentes, a maioria delas despreparadas para o autismo. Na última, acertou.

Mesmo com os avanços, frutos do empenho e do amor da família, Carla sabe que Marcela será dependente dela para sempre. Além do autismo, tem paralisia cerebral. A mãe às vezes se sente cansada de tanto trabalho, mas não pensa em parar. Está preparada para destinar toda a sua vida a uma causa, a um grande amor.

— Quando a adoção estava prestes a sair, eu sempre dizia que ia até o fim do mundo pela Marcela. E eu ainda vou. Sempre irei.

SEJA BEM-VINDA, LUANA

Carla sabia que a família ainda não estava completa quando viu uma luz despontar no centro do berçário de um abrigo de menores. Lá estava Luana. Ainda era pequenina e frágil. Tinha síndrome de Down e um histórico de sucessivas pneumonias. O reconhecimento também foi imediato. Aquela menina nascera para ser a sua filha.

— Ela parecia uma estrela, brilhando no meio dos outros berços. Era o que eu precisava para pedir a guarda”

A luta por Luana foi incansável. Ela viu a menina definhar porque a burocracia não permitia que elas fossem uma da outra. Na terceira pneumonia seguida, o juiz finalmente liberou a guarda. Luana nunca mais adoeceu. Hoje está com três anos, prestes a dar os primeiros passos, que Carla não quer apressar.

— Ela fica em pé, mas tem medo de andar. Eu sei que preciso respeitar.

Como a irmã, ela também passou por sessões de fisioterapia e fonoaudiologia. Ano que vem vai entrar na escola. Carla encara a síndrome com certa tranquilidade e pensa num futuro sem limitações para a sua estrela. Imagina a sua independência. Vibra com a energia e as brincadeiras que ela inventa. Não teme, apenas espera.

— Perto do problema da Marcela, sei que o dela é mais fácil de administrar. Ela não vai mais depender de mim.

RAFAELA, O BEBÊ DE CASA

Quando chegou em Joinville, há cerca de quatro meses, Carla sabia que a família ainda não estava completa. Nadine, 18 anos, havia se unido à família alguns meses antes, a partir de um processo de adoção tardia, mas faltava alguém.

Foi no Fórum levar a documentação para adotar a quarta menina e imediatamente descobriu a história de Rafaela, um bebê com hidrocefalia. Outro amor à primeira vista.

— Todo mundo me dizia: vá na maternidade que tem um bebê esperando por você. E eu fui.

Rafa é a caçula da casa. Tem apenas cinco meses e passou os últimos dias no hospital, entre a UTI e o quarto. Carla e familiares se revezaram nos cuidados, mas o problema foi grave. Acharam que havia chances de perdê-la.

— Foi uma válvula do cérebro. Estamos morrendo de saudade dela —, conta, apontando o carrinho vazio.

Ainda não se tem certeza sobre o quadro clínico da menina. Por enquanto, há apenas uma certeza: a surdez total. Não há como prever se ela terá dificuldades cognitivas ou sensoriais.

— Tem coisas que a gente não consegue prever no tempo certo. Mas eu também não saberia o que o futuro reservaria para ela se ela tivesse nascido sem problemas. Faz parte da vida da mãe esperar.

E O FIM DO CONTO DE FADAS?

A rainha da família fez escolhas racionais para construir o seu castelo. Foi a emoção quem fez o seu coração bater mais forte por Marcela, Luana e Rafaela. Mas foi a razão que lhe fez procurar crianças especiais para preencher os assentos da mesa da cozinha.

— Uma criança normal seria criada para ser a cuidadora da criança especial. E não era isso que eu procurava.

Carla nunca se vitimou. Escolheu o caminho que quis e teve todo o apoio de que precisava para vencer suas batalhas. O marido, as irmãs, os avós, os empregados e os médicos que estiveram ao seu redor. Talvez por isso ela não canse de sorrir, mesmo quando diz coisas que poderiam parecer trágicas se não guardassem tanta esperança.

Hoje, além de administrar esse castelo, Carla se dedica a comunidades virtuais de adoção de crianças especiais. Sabe que, como ela, muitos têm coragem. Já conseguiu mediar mais de cinquenta casos, só com o seu exemplo.

— Quando alguém me diz que quer, é porque consegue mesmo —, garante.

Ela não é modelo, mas foi capa de revistas e viu sua história na TV. Tem aquela paz digna de rainha e um rosto que não cansa de brilhar. Se ela se acha especial? Nem tanto. Mas tem quem ache. Por isso sua história já tem um fim definido: um final feliz, digno de contos de fadas.

Amanda Miranda | 13 de março de 2017

LINDO DEPOIMENTO SOBRE ADOÇÃO!!!

Depoimento poético: AdoÇÃO

I- Vida concebida a ser recebida,
Num tempo encantado a Deus confiado.
Mistério do CRIADOR adorado,
Presente para o pecador,
Aos cuidados do Espírito Santo protetor
A vivenciar o eterno AMOR.

II- Primeiro a bênção matrimonial:
Sonhos, projetos, trabalho, oração…
Esperança a procriação,
Mãe, pai realização,
Alem da natureza humana
Fruto do CORAÇÃO

III- Primeira filha, graça divina!
Já com 2 dias nasce ESTÉFANI, bela menina!
Olhos grandes, porte forte, altiva
Pequena flor, compartilhando a afetividade da vida.

IV- Novamente prece atendida:
Num tempo encantado de a Deus confiado.

V- Segunda filha, graça divina!
Com um ano e quatro meses, de bochechas rosadinhas
Nasce Maria Eduarda contagiando de alegria
Três vidas que aguardavam no seio da família.
E com passinhos corajosos
Vai ao encontro de dois pecadores agraciados,
Pais agradecidos pela bondade de um DEUS que é misericordioso e adorado!

VI- AÇAO,doação, emoção, CORAÇÃO…
Missão familiar, um convite a AMAR.
ADOÇAO: vidas que se misturam pelo AR,
Numa cumplicidade harmoniosa
De se azer gente de bem no show davida
Comandado por DEUS, alimentado pela vitalidade da ALMA.

VALDEIR e CIDINHA, pais adotivos de 2 filhas, uma com 19 e a outra com 5 anos.

TEXTO ORIGINAL:

Cidinha e Valdeir 13 de março de 2017

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Senta, que lá vem história…. linda!

Bom, vou tentar resumir, mas tenho certeza que mesmo assim a história vai ser longa e em partes….

Meu primeiro contato com as Autoridades Alemãs foi em 2002, lá atras começou tudo. Depois de passarmos por entrevistas e entrevistas, conseguimos fazer os cursos para adoção, que foram 3… com espaços de até 6 meses entre um e outro. Somente em 2004 que começaram a juntar nossos documentos, relatórios, exames e etc…

Em 2006, finalmente todos os nossos documentos foram enviados para a CEJA-Salvador e daí começou a espera…. mais uma vez.

Nosso perfil inicialmente era de uma criança de até 3 anos, pois esta foi a indicação da Autoridade Central Alemã, que depois de um ano, mudamos para 2 crianças, sem restrições de idade.

Foram muitos telefonemas, pois já tinham se passado dois anos depois da habilitação e nada….

Em 2008 resolvi ir pessoalmente visitar a CEJA, achei que uma entrevista pessoalmente ajudaria, lá fomos nós, até Salvador apenas para esta entrevista….

Voltamos para a Alemanha cheios de esperanças, passaram-se 8 meses e nada…. eu estava achando que jamais daria certo.

Dia 10 de novembro de 2008 recebi um e-mail da CEJA, nossa não sei dizer o que senti. No momento que li o e-mail não conseguia falar nada, eu comecei a chorar e chamava pelo meu esposo, só que não conseguia dizer o que tinha acontecido, eu chorava e ele preocupado do meu lado, sem saber de nada… até que ele leu o assunto e já logo entendeu o que era. Aquela noite não pude dormir, ali naquele correio eletrônico, continha a história de duas vidas, que a partir daquele momento estariam fazendo parte da minha… Sem fotos, somente com relatórios das crianças comecei gostar delas demais. Lá estavam Alex de 4 anos e Ana de 5 anos, meu sonho.

Os preparatórios da nossa ida ao Brasil foi conturbado, pois até 2 dias antes da nossa viagem não tínhamos em mãos um documento de continuidade da adoção, quer dizer, não podíamos nem ver as crianças, tudo isso porque a Autoridade Central da Alemanha nos proporcionou alguns probleminhas extras… como se não tivéssemos quase nenhum… bom, documento pra cá… tradução pra lá… envia pra Alemanha, volta para o Brasil, conseguimos o “tal” documento…. Lacrado trouxemos ele como se fosse um tesouro…

Domingo, dia 01 de marco chegamos em Salvador e tínhamos entrevista pela manha na CEJA, depois poderíamos ver as crianças, pela primeira vez, pois nem por foto nós as conheciam..
Depois da entrevista, não deu, por que tínhamos que ir a Vara da Infância pegar a autorização com o Juiz… este não estava lá, já eram 13 h, vamos comer alguma coisa… quem sentia fome? Ninguém, mas fazer o que…. fomos. As 14 h estávamos de volta a Vara da Infância, mas o Juiz ainda não estava lá, resolvemos esperar..

Ele chegou tarde, não sabia se o abrigo iria nos receber ainda aquele horário, mas eu não me contive e pedi quase chorando….rsss, agora dou risada, mas na hora, chorei mesmo…

As 16:45 h, chegamos finalmente no abrigo… as crianças estavam nos aguardando o dia todo, isto me angustiava demais.
No momento em que as vi de longe, só me deram um sorriso, bem tímido, com medo, acho até que o mesmo medo que eu sentia. Eu não conseguia mais tirar os olhos deles e mesmo o juiz pedindo para que eu segurasse minhas emoções, eu não sou feita de pedra…

Ana Marina chegou de mansinho, Alex sorriu mas não chegou perto, eu jamais esquecerei este momento, e também nem consigo descrever tudo perfeitamente.

Ficamos 3 meses no Brasil para a adaptação até a adoção definitiva.

Chegamos na Alemanha dia 8 de maio de 2009, hoje a Marina está na segunda série e o Alex começará a primeira depois das férias de verão.

Eles estão super bem adaptados, falam os dois idiomas fluentemente e são felizes.

Foram momentos muito difíceis até chegar aos meus filhos, mas eu faria tudo de novo, sem duvida alguma.

Carolina Benski e seus filhos adotivos 13 de março de 2017